quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Los Parientes Pobres (1993): "(...) Orgullo, Maldito Orgullo (...)"

Dizem que os parentes são chatos. Ainda mais quando são pobres, querendo lhe arrancar até o último centavo. Então, imagine-se no lugar de Margarita Santos, a personagem de Lucero em Los Parientes Pobres.


Margarita é uma jovem nobre e boa, muito querida por parte do povo do vilarejo de San Gabriel, mas a vida lhe golpeia fortemente, tanto a ela quanto a sua família, pois de muito dinheiro, passaram a ficar na ruína.

Não obstante, seu pai, Ramiro (Rogelio Guerra), acaba ficando doente e morre pouco tempo depois, sem ter dinheiro para pagar um tratamento adequado para ele. Antes disso, faz com que Margarita lhe jure que vai salvar a família da ruína, sem perder a dignidade e o orgulho.

Mesmo quebrados, os Santos caem facilmente nas armadilhas do inescrupuloso Paulino Zavala (Humberto Elizondo) e de sua filha Alba (Chantal Andere), mas tudo muda quando Evaristo Olmos (Joaquín Cordero), primo distante de Ramiro, fica sabendo o que os Santos estão passando.

Com isso, Evaristo convida os Santos para viverem em sua casa. Detalhe: Evaristo era apaixonado por María Inés (Nuria Bages), a mãe de Margarita. A bem da verdade, podia-se dizer que os Santos estavam vivendo num mar de rosas... com espinhos, como toda novela mexicana tem.

Os Zavala (acreditem) também se mudam pra cidade e continuam a se engrandecer e humilhar os Santos [eu acho que esse povo tinha um bicho carpinteiro no corpo que não podia ver os outros bem, não?]

E Margarita ainda tinha que se decidir entre dois amores (assim como um certo Johnny de quem falamos no passado): o burguês Bernardo (Alexis Ayala), um aventureiro que só quer se divertir e se torna noivo de Alba e de Margarita ao mesmo tempo (ih, não falei? Ó o outro Johnny aí!) e o humilde Chucho (Ernesto Laguardia), que se apaixona pela moça à primeira vista (adivinhem com quem ela fica no final, hein?!)
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Parecia que Carla Estrada estava em dias de glória. Depois do êxito de De Frente Al Sol (protagonizada pela hoje primeira atriz María Sorté e que lhe deu o tricampeonato dos Premios TVyNovelas), Carla seguiu produzindo novelas de sucesso, como foi o caso de Los Parientes Pobres.

Mais uma vez, Carla brindava Lucero com uma protagonista forte, sendo que, devido ao sucesso da primeira atuação estelar da cantora (depois de quase oito anos de ausência das telas e focada na carreira musical) em Cuando Llega el Amor, esta novela foi uma das marcas mais fortes da carreira de Lucero, tanto que ela incluiu o tema de abertura da novela em seu disco de 1993, que traz outros êxitos como "Cerca de Tí" e "Veleta", esta o single principal do disco.

E Lucero interpretou, mais uma vez (e com galhardia), a mocinha sofrida (apesar de ser muito diferente da Isabel Contreras de Cuando Llega...), o que deu seu passaporte de entrada para uma carreira madura e triunfal também na TV, consolidada em 1995, com o grande sucesso Lazos de Amor, também produzida por Carla Estrada.

O "galã" escolhido foi Ernesto Laguardia. Mas, pelo amor de Deus, um galã que se preze tem que ter mesmo um porte de galã. Tá certo que era um homem simples, preocupado com o bem-estar dos seus, só que a voz não é seu ponto forte (visto isso também em Corona de Lágrimas, quando interpretou o vilão Rómulo Ancira).

Chantal Andere, por sua vez, também não foi muito vil como a vilã Alba (apesar de ser a filha do vilão principal), mas quem se saiu bem na maldade foi Humberto Elizondo, como Paulino Zavala [que seria capaz até de humilhar a própria filha, se deixassem].

Ah, claro, mais destaques: Alexis Ayala, que fora começando a trilhar o caminho dos vilões como Bernardo; a primeira atriz Delia Casanova, vinda do êxito de Cadenas de Amargura e razoável como Eloísa; Claudia Ramírez, quem, apesar de estar em papel secundário, também se saiu razoável na pele de Juliana; Patricia Navidad, que interpretou Esmeralda e não ficou tão mal.

E esta novela ganhou uma nova versão: Juro Que Te Amo, em 2008, produzida por MaPat Zatarain. Mesmo tendo Patricia Navidad e Alexis Ayala no elenco, porém, esta versão não foi pra frente.
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Com esta telenovela, Carla Estrada disputou com Emilio Larrosa e José Rendón o Premio TVyNovelas 1994. Mas assim como foi dito no artigo passado, Rendón levou o Premio por Corazón Salvaje, novela que dispensa apresentações.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Dos Mujeres, Un Camino (1993): Quem nunca amou duas mulheres?

No meio do caminho de todo mundo, há sempre um obstáculo. No caminho de Johnny, haviam dois: a mulher e a amante.

Dos mujeres, un camino.jpg

Dois anos depois do êxito de Muchachitas e da quase despercebida Mágica Juventud, o produtor Emilio Larrosa voltava à cena com Dos Mujeres, Un Camino. A trama trazia o caminhoneiro Johnny (Erik Estrada), que era casado com Ana María (Laura León) e tinha dois filhos.

Mas suas constantes viagens entre o México e os Estados Unidos acabaram cruzando o caminho de Johnny com o da jovem garçonete Tania (Bibi Gaytán). E pior: Johnny se apaixonou por ela.

Como toda novela que se preze, o mocinho tinha seus arquirrivais: o delegado Raymundo Soto (Roberto Palazuelos) também sentia amor por Tania, mas ao mesmo tempo tentava livrar a cara do rival da família Montegarza, comandada por Ismael (Enrique Rocha).

Tudo porque o primogênito de Ismael, Bernardo, supostamente morreu num acidente de carro. Mas espera aí: porque o delegado queria livrar Johnny dos Montegarza?

Simples: porque Raymundo suspeitava que um meliante apelidado de Medusa poderia bem ser um dos Montegarza (apesar de não saber muito bem quem era o verdadeiro Medusa).

A trama teve tanta reviravolta que, na reta final, apareceu o Medusa: Bernardo Montegarza (Eduardo Liceaga em participação especial), o "falecido" filho de Ismael, que era apaixonado por Ana María, que era casada com Johnny, que era amante de Tania... Até o último capítulo.

Por sinal, um triste desfecho, que vi e revi com meus próprios olhos: Bernardo ameaçou matar Ana María se ela não ficasse com ele. Até aí, tudo bem, coisa de bandido. O ruim é que, antes da esposa de Johnny aparecer, Tania surgiu no apartamento e ficou trancada. Quando Johnny chegou, o barraco estava armado. Foi só Tania ouvir a voz de Johnny, ver a cena em sua frente e salvar a vida de Ana María, levando uma facada no peito. Triste, não?

Mas engana-se quem disse que acaba por aí: depois de Tania enterrada, Johnny começou a ter pesadelos com ela (e ele estava com Ana María). Ana María, sabendo disso, resolveu deixá-lo sozinho.
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O elenco fora escolhido a dedo. A novidade (e o burburinho) mesmo ficaram por conta do ator norte-americano Erik Estrada, o eterno Frank Poncharello da série CHiP's. Bem representou Johnny que, vamos combinar, era um baita dum galinha, né?

Para as duas mulheres do título, era uma segunda trama de sucesso para cada. Laura León, apesar do êxito de Esther em Muchachitas, já havia aparecido como Alejandra em Amor En Silencio, mas foi com esta novela que ela se tornou peça-chave das tramas de Emilio Larrosa, interpretando a mãe e esposa sofredora [marca registrada da hoje primeira atriz]. Tanto que voltaria a protagonizar outra novela de êxito, El Premio Mayor, ao lado de Carlos Bonavides [curiosamente, também produzida por Emilio Larrosa].

O mesmo se diz de Bibi Gaytán, que já havia protagonizado Alcanzar Una Estrella II, mas que só alçou a fama quando interpretou o par romântico de Eduardo Capetillo em Baila Conmigo e se tornou esposa do mesmo também na vida real, pouco depois de ter dado vida à Tania, que (a meu ver) devia ter um desfecho diferente do exibido no México.

Outros destaques do elenco: Itatí Cantoral [Graciela] e Rodrigo Vidal [Ricardo Montegarza], que formaram um par tão bonito que acabou no altar, quando ela recusou o amor dele; o primeiro ator Enrique Rocha [Don Ismael], dando a seu personagem o toque de vilão que ele têm; Sergio Sendel [Raymundo], que substituíra Roberto Palazuelos e alçou mais carisma que o primeiro.

Uma das características mais fortes da novela, porém, foi a trilha sonora, do gênero grupero, que apareceu através das canções do grupo Bronco [liderado por José Guadalupe Esparza, que se separou em 1996 e voltou em 2003 sob o nome de El Gigante de América] e da cantora Selena Quintanilla [Selena só fez uma participação especial na trama, mas foi a primeira e também a última novela em que ela apareceu, vide que ela fora ter um desfecho tão cruel como o de Tania, mas na vida real: ela também foi assassinada, só que pela "amiga" Yolanda Saldívar, em 1995].
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Dos Mujeres, Un Camino, levou dois Premios TVyNovelas 1994 [Enrique Rocha {melhor primeiro ator} e Rodrigo Vidal {melhor ator jovem}]. Mas perdeu o posto de melhor novela do ano para um outro sucesso de igual categoria: Corazón Salvaje.

Enfim, deixo com vocês uma mensagem de José Guadalupe Esparza, líder do Bronco, que fora por ele gravada em 2006, audível pouco antes da música Dos Mujeres, Un Camino (que foi o 2º fundo de abertura da novela) e traduzida aos amigos:

"Me digam, amigos,
Quem não sentiu que a consciência lhe quer?
Quem não amou a duas mulheres
E viu como o coração se parte em dois?"

A Idéia do Jerico

Quero abrir este blog homenageando ao criador do site "Novela Mexicana" e anfitrião do canal "Almanaque Latino", Thiago Fernandes, quem me inspirou a criar este blog. Para quem é fã dos "Romances Mexicanos" (assim como eu), fica a sugestão: dá uma navegada no canal, sem deixar de conferir nosso blog também. Certo?

Obs: o jerico em questão sou eu, tá?